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Markus Lothar Fourier

Por que decidir retornar à clínica?

Atualizado: 25 de jul.



Em 2012, junto à minha formação em Psicodrama, comecei a experimentar o teatro. Me inscrevi em um grupo teatral da universidade, e vim para São Paulo fazer meus primeiros cursos de improvisação. Nessa época, eu já estava fazendo algumas experiências selvagens misturando psicologia, psicodrama e improvisação teatral. Os primeiros resultados eram tão empolgantes que eu me deslumbrava. Tive a certeza de que poderia salvar o mundo com essa mistura mágica. Eu enxergava tantas possibilidades de usar essas teorias que, em 2015, recém-formado na Psicologia, decidi mudar para São Paulo e investir 100% do meu tempo nisso. Como eu já tinha uma formação e experiência prévia com gestão, decidi dar um foco maior no desenvolvimento de serviços para esse universo.


No começo, tudo parecia distante e difícil. Eram muitas coisas para planejar e organizar, e quem me conhece sabe que esses não são meus maiores talentos. Pobre da Gabriela Treteski, minha amiga e sócia, que precisava fazer às vezes da realidade e me aterrar. Apesar da grande ansiedade e desejo de sucesso, ainda me questiono sobre o significado de "dar certo".


Um dia decidimos pedir ajuda a um colega suíço, Renatus Hoogenraad, que fazia naquele país o que queríamos fazer aqui no Brasil. Ele concordou em ser nosso mentor e como primeira tarefa nos solicitou para acessar nossa rede de conhecidos para compartilhar nossas dúvidas e avanços.Ele aceitou ser nosso mentor e como primeira tarefa nos requisitou para acessar nossa rede de conhecidos para compartilhar nossas dúvidas e avanços.Ele decidiu ser nosso mentor e como primeira tarefa nos instigou para acessar nossa rede de conhecidos para compartilhar nossas dúvidas e avanços.Ele aceitou ser nosso mentor e inicialmente nos encorajou a utilizar nossa rede de contatos para compartilhar nossas dúvidas e progressos.Ele aceitou nos guiar e sua tarefa inicial foi nos incentivar a usar nossa rede de contatos para compartilhar nossas incertezas e avanços. Nessas conversas tínhamos uma meta: pedir que essa pessoa nos apresentasse para mais uma pessoa com quem poderíamos conversar. A ideia nunca poderia ser vender, e sim conversar e trocar experiências. Segundo ele, isso faria nossa rede crescer e as portas naturalmente se abriram, pois as pessoas gostam de ajudar. Essa tarefa foi um organizador e tanto, nos deu foco e começou a mostrar uma luz no fim do túnel.


Eu estava bastante empolgado com os primeiros resultados, tão empolgado que, num fatídico dia, em um café da Vila Madalena, na mesa ao lado, estava o Gustavo Gitti. A Gabi, que era fã dele, havia compartilhado comigo alguns textos de sua autoria que achei simplesmente bárbaros. Não tive dúvida, olhei para a Gabi e disse:


- Vamos lá falar com ele! Era isso que o nosso mestre dos magos alpino, nos aconselharia.


Devo enfatizar que Gabi, agindo com sensatez, sugeriu que talvez não fosse apropriado abordar um desconhecido e solicitar um minuto de sua atenção e auxílio. Você que lê obviamente concorda com ela, mas eu naquela hora ignorei a “realidade”. Me aproximei do Gustavo, me apresentei, expliquei a proposta de aumentar nossa rede, pedir ajuda e salvar o mundo. Ele muito tranquilamente concordou em nos ouvir. Rá! Na sua cara, bom-senso!

Durante uns 5 minutos, falei ininterruptamente, expliquei que era mágico, que servia para tudo e para todos, que eram bom para as empresas, que as lideranças seriam diferentes depois que experimentassem, que o Brasil seria Hexa se a seleção nos desse uma chance. Quando terminei, ele, com a mesma calma que havia aceitado nos ouvir, disse que achava que não poderia nos ajudar muito. Eu congelei, fiquei parado por alguns segundos e sem mexer muito a face perguntei:


- Por que não?


Ele respondeu: - Não opero com a lógica da cultura de sucesso, mas sim com a cultura de saúde. O que eu faço, não tem como objetivo fazer da pessoa um melhor líder, nem conquistar mais coisas. O que eu faço ajuda-a a se conhecer e viver melhor, só isso. Acho que o que vocês fazem não está alinhado com o que eu faço.


Bom, nessa hora eu já estava gritando por dentro, irritado com o fato de ele não ter entendido que o que nós fazíamos era o máximo. Não tinha nada de cultura de sucesso nisso, eu dizia para mim, internamente, enquanto eu mordia a boca por dentro para me controlar. Eu ainda tentei explicar melhor e ele ouviu pacificamente, mas a resposta dele não mudou. Vendo que o assunto havia se esgotado ali, agradecemos e fomos embora. No caminho de volta fui achando infinitos argumentos para provar (para mim) que eu não estava trabalhando para a cultura do sucesso.


Os anos foram se passando, o negócio foi ganhando forma e consistência, mas volta e meia aparecia o Gustavo na minha memória para não me deixar curtir em paz os frutos colhidos. Cada vez mais, reconhecia que estava servindo mais às empresas do que às pessoas. Foi em janeiro de 2020 que decidi fazer uma mudança nos rumos e retomar minhas atividades com a psicologia clínica. Claro que ainda usando todas as ferramentas que desenvolvi ao longo desses anos, mas agora com um foco diferente. Quero acreditar que hoje estou a serviço da saúde e não mais do sucesso. O caminho está só começando, mas ele já me trouxe uma sensação maior de congruência, o que é bom sinal. Espero um dia encontrar o Gustavo Gitti naquele mesmo café e poder agradecer a ele pelas boas provocações.


Para você que teve a paciência de ler este texto até o final, muito obrigado, espero que esta história possa ser útil de alguma forma. Em breve eu compartilharei aqui os desdobramentos dessa nova caminhada.


Fique bem ;-)

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